sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"O CLUBE DO IMPERADOR"

Aquele que é fundamentalmente mestre só leva a sério as coisas por causa de seus alunos – inclusive ele próprio (NIETZSCHE).
Referente à análise da postura do professor em sua relação com os alunos, poder-se-ia destacar várias cenas, entretanto apenas a duas se atém a presente reflexão.
A primeira é aquela em que o professor Hundert atribui um ponto a mais à nota de Sedgewick Bell, que passa a preencher uma das três vagas do “Clube do Imperador”, como uma forma de incentivá-lo nos estudos. Porém, para isso o professor exclui outro aluno que naturalmente faria parte deste trio. Este momento, a primeira vista, pode possivelmente despertar certa comoção para com atitude do professor, mas se analisarmos mais devagar verificaremos uma profunda implicação ética, que estaria na decisão do mestre, e que pode ser formulada da seguinte maneira: seria justo privilegiar um aluno, atribuindo-lhe um mérito, ao preço da exclusão de outro que realmente mereceria?
Certamente, que apesar de toda emoção expressa na cena, e que de certa forma induz o observador a ver como nobre a atitude do professor Hundert, todavia constata-se que tal atitude é amplamente questionável do ponto de vista ético.
A partir disso podemos observar uma crise semelhante que aparece nas metodologias de ensino na atualidade no que concerne ao incentivo ao aluno desvinculado de um comprometimento com o aprendizado e de um mecanismo de avaliação pragmático que ao mesmo tempo não traga em si os problemas dos paradigmas repressivos.
A segunda cena é aquela na qual o professor Hundert apesar de decepcionado, pela segunda vez, com a ação de Bell, agora já adulto, percebe que sua ação docente também contribui para o amadurecimento humano de outros de seus alunos. Se, por um lado, o professor, fracassara na educação de Sedgewick Bell, entretanto, por outro obteve sucesso com vários.
Por fim, estas duas cenas do filme revelam uma grande encruzilhada do professor hoje em seu método de ensino, pois de um lado se vê frente a liberdade do aluno em decidir levar a sério o mestre, de outro o docente em sua decisão de levar a sério o aluno e ao mesmo tempo buscar ser justo em seus critérios avaliativos. Ao professor cabe, apesar do pesares, acreditar na possibilidade de que a educação aperfeiçoe as pessoas, pois “... não acredito que o ser humano seja mal por natureza, senão eu não seria educador” (CHALITA.

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