sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"TROPA DE ELITE 2"

Há alguns dias, tive a oportunidade de sair com meu irmão. Resolvemos assistir, o filme, "Tropa de elite 2".
Refletindo sobre tal, notei que para além da violência, do tráfico e da corrupção, a obra mostra uma crise generalizada da polícia, meios de comunicação e política. Isso fica bem claro, quando o então capitão "Nascimento" (Wagner Moura), depois de assumir um deslize do soldado "Mathias" é afastado de sua função do Bope, para depois ser promovido a subsecretário de segurança do Rio de Janeiro.
Neste contexto, percebe que a atuação do Bope na verdade serve à manutenção de um sistema perverso e não à justiça social.
Algo interessante salientar no filme é o tom depressivo de seu principal protagonista. Durante toda trama apresenta um semblante decadente, produzido pela percepção de alguém que já não acredita tanto na eficácia de sua ação, como talvez duvide da causa pela qual lute. Se antes os principais inimigos eram os traficantes, agora percebe que esses são seus companheiros de trabalho.
Por fim, o filme é um retrato da crise interna, ou seja, promovida por seus próprios membros, que antes deveriam ser os primeiros a zelar por sua imagem, sobre a qual as instituições, em geral agonizam em nossos dias. A pergunta é: todas sobreviverão?

"CHICO XAVIER, O FILME"

No final de semana passado recebi um convite para assistir o filme "Chico Xavier". Não me lembro se pensei duas vezes para aceitar ou não, mas se pensei foi só uma questão de hábito. 
Por falar nisso, gostaria de destacar uma temática sobre a qual se desenvolve toda trama: a mediunidade. Seria isso um mero delírio, um fenômeno de hiper-sensibilidade, que o delimitaria ao campo da parapsicologia ou algo real? Estas são perguntas que naturalmente devam ser colocadas em tais casos.
Entretanto, se verificarmos na mitologia grega antiga do séc. VIII a. C veremos o mito de Hermes. Entre seus vários atributos, há algo de peculiar, o de ser mensageiro dos deuses entre os homens.
Considerando esse dado, pertencente ao imaginário cultural grego, percebo certas semelhanças entre a mediunidade de Chico Xavier e a mediação de Hermes no imaginário helênico.
Por fim, uma pergunta me ocorreu: seria Chico a prova de que Hermes existiu, ou seja, o próprio Hermes encarnado? Risos a parte, se essa relação possa ser vista como um equivoco por especialistas, contudo, que não seja considerada como algo impossível de ser. Afinal de contas, vivemos em tempos do absurdo, acreditar nesse só seria mais um.

"ROBIN HOOD, O FILME"

Robin Hood, figura lendária, contraditória, traz em si extremos como justiça e rapinagem, bondade e crueldade, legalidade e ilegalidade. Em poucas palavras: um fora da lei. Quem já não foi um fora da lei alguma vez, principalmente, quando se trata de justiça social?
Depois de uma tarde de domingo agradável, na companhia de pessoas interessantes, fiz algumas reflexões sobre os temas presentes neste filme, dentre eles gostaria de destacar o cavalheirismo, auto-descoberta e a utopia de um outro mundo possível presente em alguns movimentos sociais de nossos dias.
Entretanto, só agora, resolvi escrever, talvez porque tenha sido acertado pela 'flecha' da inspiração ou, a contrário senso, tenha conseguido retirar o dardo da preguiça que, por um fresta ou outra, sempre tende a se cPenso que no fundo, Robin, era um homem de pretextos. É isso mesmo. Assim como nós vivemos arrumando motivos secundários para estar na presença daqueles que, por alguma razão, nos tornam especiais, também com nosso heroi não era nada diferente. No fundo todos seus conflitos são pretextos para manifestar seu descontentamento frente a opressão social de 'seu povo'.
Por fim, pensando agora, percebo que perguntas do tipo 'Vamos assistir um filme domingo? ou Posso lhe dar uma carona?' não passam, em certos casos, de pretextos para manifestarmos, nas entrelinhas, outras intenções, cravar em nossa carne. Miramos nossas flechas em determinado alvo, para no fundo acertarmos outro. Nesse sentido, temos muito mais em comum com R. Hood do que imaginamos!

"QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?"

Acredito que muitos de nós do Ocidente já ouvimos falar, e não raro nos admiramos, de Gandhi, o líder carismático, que lutou pela independência da Índia. Contudo, ao apreciar este filme, fiquei intrigado com uma cena, ao que me parece, que levanta alguma suspeita sobre este grande homem indiano. 
A Jamal, após ser interrogado sobre como sabia o nome da figura da nota de cem dólares, é mostrada uma nota indiana na qual consta a figura de um homem, assim é lhe feita a seguinte pergunta: quem está na nota? Entretanto, para aumentar a suspeita de fraude , diz não saber. Então lhe é revelado que se trata de Gandhi, ao que ele responde, com certa indiferença, já ter ouvido falar.
Então, fiquei pensando qual seria o motivo do Diretor do filme colocar tal diálogo. Encontrei apenas uma única resposta: talvez, para uma parcela da população indiana hoje, Gandhi não corresponda a imagem heróica e poética que foi divulgada pelo Ocidente. Será que haveria uma outra motivação, além dessa, para tal cena? Não sei. Se há, até agora não consegui pensar outra. O certo seria perguntar mesmo é para quem escreveu, porém, na ausência deste convido você a refletir este trecho comigo.
Por fim, para além do romance, da saga e da denúncia à miséria, seria interessante dedicar uma atenção especial a este diálogo sutil, mas não menos intrigante, e responder a seguinte questão: qual a importância desta parte especifica para o entendimento da obra?
Boa investigação! Divirta-se!

"O CLUBE DO IMPERADOR"

Aquele que é fundamentalmente mestre só leva a sério as coisas por causa de seus alunos – inclusive ele próprio (NIETZSCHE).
Referente à análise da postura do professor em sua relação com os alunos, poder-se-ia destacar várias cenas, entretanto apenas a duas se atém a presente reflexão.
A primeira é aquela em que o professor Hundert atribui um ponto a mais à nota de Sedgewick Bell, que passa a preencher uma das três vagas do “Clube do Imperador”, como uma forma de incentivá-lo nos estudos. Porém, para isso o professor exclui outro aluno que naturalmente faria parte deste trio. Este momento, a primeira vista, pode possivelmente despertar certa comoção para com atitude do professor, mas se analisarmos mais devagar verificaremos uma profunda implicação ética, que estaria na decisão do mestre, e que pode ser formulada da seguinte maneira: seria justo privilegiar um aluno, atribuindo-lhe um mérito, ao preço da exclusão de outro que realmente mereceria?
Certamente, que apesar de toda emoção expressa na cena, e que de certa forma induz o observador a ver como nobre a atitude do professor Hundert, todavia constata-se que tal atitude é amplamente questionável do ponto de vista ético.
A partir disso podemos observar uma crise semelhante que aparece nas metodologias de ensino na atualidade no que concerne ao incentivo ao aluno desvinculado de um comprometimento com o aprendizado e de um mecanismo de avaliação pragmático que ao mesmo tempo não traga em si os problemas dos paradigmas repressivos.
A segunda cena é aquela na qual o professor Hundert apesar de decepcionado, pela segunda vez, com a ação de Bell, agora já adulto, percebe que sua ação docente também contribui para o amadurecimento humano de outros de seus alunos. Se, por um lado, o professor, fracassara na educação de Sedgewick Bell, entretanto, por outro obteve sucesso com vários.
Por fim, estas duas cenas do filme revelam uma grande encruzilhada do professor hoje em seu método de ensino, pois de um lado se vê frente a liberdade do aluno em decidir levar a sério o mestre, de outro o docente em sua decisão de levar a sério o aluno e ao mesmo tempo buscar ser justo em seus critérios avaliativos. Ao professor cabe, apesar do pesares, acreditar na possibilidade de que a educação aperfeiçoe as pessoas, pois “... não acredito que o ser humano seja mal por natureza, senão eu não seria educador” (CHALITA.

"CORAÇÃO VALENTE"

Willian Wallace (Mel Gibson), herói para alguns, assassino cruel para outros. Dificilmente, um revolucionário é capaz de esquivar-se de tal contradição. Descrevê-lo seria algo complicado demais, para não dizer inútil. Pois a palavra não é suficiente para dizer o ser das coisas, muito menos o íntimo de alguém tão distinto, principalmente pelo fato de conseguir viver sua singularidade de modo tão valente. Seria coerente usar palavras para descrever alguém que falou mais com o olhar?
É interessante perceber a sincronia entre seus dizeres e sua vida. Ao exército escocês dividido entre si, frente ao poderoso exercito inglês, ele pronuncia uma simples frase, que de algum modo poucos humanos conseguem levar até o fim: “Eles poderão tirar suas vidas, mas jamais sua liberdade!”. Começa aí série de vitórias.
Penso que uma das condições fundamentais para realização pessoal é nos aceitarmos como seres livres e ao mesmo tempo adquirirmos consciência do perigo que isso traz. Ser livre é ser capaz de acolher a imprevisibilidade ou provisoriedade das coisas.
Por fim, entretanto, vítima de traições, de seus aliados, Wiliam é capturado e levado para mesa de suplício, após passar pelo constrangimento de ser torturado em público lança um último grito: liberdade! Um imperativo tão poderoso que inquiridor algum poderá silenciar. Frente uma história assim é melhor olhar do que falar.

"PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS"

Uma fala interessante presente em tal filme é “Os deuses são demasiadamente egoístas assim como os pais”. Refleti isto sobre no quadro das relações entre pais e filhos em nossos dias.
É notório que cada qual traz em si uma idealização de um pai e uma mãe perfeita, entretanto, este paradigma parece ir se dissolvendo conforme à percepção das limitações do objeto idealizado, aí então se situa o berço das frustrações.
Piercy Jackson, Perceu, mais do que encontrar seu pai e resgatar sua mãe, busca uma nova compreensão, menos determinista, de seus pais em sua vida. E esta nova leitura se dá a partir do momento em que percebe que, assim como a si próprio, cada qual possui uma singularidade exclusiva.
Por fim, o filme nos provoca a um aprofundamento sobre as relações entre pais e filhos e seus possíveis dilemas contemporâneos.

"LUCAS E AS FORMIGAS"

A reflexão sobre este filme proporciona à retomada de alguns pontos que compõem nossas relações cotidianas como: homem e animal, indivíduo e grupo, indiferença e amizade.
Algo interessante é perceber como o diretor desenvolve a tese de que para se compreender o mundo do outro é preciso adentrá-lo, ou seja, assumir a rotina daquele que se quer entender.
Alguém, como um nome muito difícil, Ludwig Wittgenstein, sintetizou, mesmo sem assistir, este filme com a seguinte frase “Os limites do meu mundo são os limites da minha linguagem”.
Por fim, vejo como fio condutor da obra o objetivo de fazer com que o expectador desperte à urgência em repensar a alteridade como um caminho seguro para o aprendizado da convivência entre os seres.

"ATLANTIS"

Uma aventura, lenda ou utopia? “Atlantis” traz dentro de sua trama estes vários traços.
Uma civilização oculta sob o mar, “desaparecida de modo súbito” como o próprio Platão sugere, é redescoberta por alguns aventureiros.
Conhecida por ser possuidora de uma alta tecnologia energética ela desperta a cobiça de muitos. Entretanto, tal grupo percebe que a vida deste povo depende desta fonte. Aí se coloca um problema interessante: o que fazer? Roubar este tesouro ao preço do fim de uma civilização ou não?
Este filme nos provoca, para além do mero entretenimento, a pensar sobre o tema das “Novas fontes energéticas” tão presente nas falas de muitos políticos e economistas da atualidade.
A busca de novas fontes de energia é indispensável, entretanto que tal aventura não custe a vida de tantos seres. Que a luz se acenda, sem que tantas outras tenham que apagar!

"O DIABO VESTE PRADA"

Após apreciar esta arte cinematográfica, confesso que foi um pouco difícil escolher algum foco para destacar nesta reflexão. Pois quando a luzes são muitas corremos o risco de perder a direção. Entretanto, uma pergunta, que se refere ao título de tal obra, me perturbou: por que “O diabo veste Prada?”.
As tradições religiosas, em sua maioria no Ocidente, tendem a colocar o diabo como uma força guardiã do Mal. Tudo de ruim que ocorre de alguma forma é aplaudido por ele. Isso mesmo, não que seja causador de todo mal, mas que “bate-palmas” para todo mal que acontece deve bater.
Quem representaria no filme a figura do diabo?
Miranda, diretora de uma renomada empresa de moda, é claro. Mas qual a característica principal que a liga com o diabo? Seria a maldade?Não diria isso. Porém, atribuiria o vínculo entre a personagem e “o cão” como sendo a coisificação do outro. Miranda usa suas funcionárias de um modo desumano. Vê o outro como uma máquina, útil enquanto funciona, inútil quando começa a falhar, interessante enquanto atinge suas metas, descartável depois que já atingiu.
Há muitas “Mirandas” por ai hoje, fiquemos atentos para que seus interesses não nos façam esquecer o nosso ser. Ou vai querer ser causa de aplauso para o capeta?

"REI ARTUR"

Hoje, após assistir o filme “Rei Artur” de Bruckheimer, relembrando algumas cenas, percebi que algumas me inquietavam de modo especial. Para além das continuas batalhas, os cavaleiros bretões buscavam algo mais: o anúncio da liberdade.
Qual a diferença entre as espadas dos exércitos inimigos? A espada de Arthur cruzava as terras mais distantes, não por um desejo de vingança, mas sim pelo o anúncio (pelagiano) da autonomia e da liberdade humana. Cada qual se salva a si, cada qual é responsável pela sua vida. Agora, cá entre nós: será assim mesmo?

"ESPINOSA, O APÓSTOLO DA RAZÃO"

Um filme, biográfico dirigido por Christopher Spencer, para assistir mais de uma vez, duas ou três no mínimo.
Dos vários diálogos que transmitem um beleza estética profunda. Gostaria de retomar uma frase, de Cícero, citada por Espinosa, lúcido da iminência de sua morte pede para que um amigo leve a sua obra para Amsterdã para ser publicada, porém ressalta sem o seu nome. A isso o companheiro, intrigado, pergunta a causa. Nesse instante revela-se uma das faces mais belas do pensador: sua ética. Diz ele ao amigo. “Até os filósofos que escrevem livros, desprezando a glória, colocam seus nomes na capa”. Eis ai um amor pelo saber que não espera ser retribuído!

"O ENIGMA DE KASPER HAUSER"

O filme tem como protagonista a personagem de um jovem, Kasper, criado desde a infância dentro de uma cela, onde só recebia água e outros alimentos. Porém, dado um certo momento, sabe-se lá por que, seu tutor resolve retirá-lo deste condicionamento e submetê-lo à civilização. Mas como andar, se nunca andou, como falar se nunca lhe ensinaram? Seu guardião, ou carrasco, lhe ensina, com muita dificuldade, a dar os primeiros passos, posteriormente, procura fazer com que decore uma seqüência de palavras.
Feito isso, Kasper, é abandonado em uma praça com um bilhete na mão esquerda. Passa ali certo tempo, imóvel, até que um aldeão intrigado com tal figura se aproxima e o recolhe, conduzindo-o para casa de uma autoridade do vilarejo, que o recebe provisoriamente e procura investigar a origem de tal sujeito, a qual se revelou fracassada.
No primeiro momento, a surpresa de toda população, depois a tentativa de educá-lo conforme os bons-costumes da época.
O jovem apesar disso começa a lançar questionamentos radicais sobre a religião, a existência de Deus, o sentido da vida e o sofrimento. Assim incomodou, principalmente, aqueles que se julgavam capazes de educar qualquer um conforme seus ‘métodos infalíveis’. Em uma sociedade que se julgava detentora definitiva das respostas para questões fundamentais sobre vida, alguém que confrontasse estas certezas apresentava-se como algo perigoso.
Por não ser ajustado àquela sociedade, Kasper, é vitima de duas tentativas de homicídio, sendo que na segunda é ferido faltamente. Um fim trágico para um anônimo, não é?
Por fim, no local onde esse lamentável episódio ocorreu há uma inscrição que diz “Aqui jaz um desconhecido, que foi morto por um desconhecido’. Frase que deixa em aberto as seguintes perguntas: por que Kasper, que ameaça poderia representar para tal comunidade? Eis o enigma, por que o mataram? Agora, é só usar um pouco sua intuição, razão e imaginação para me ajudar solucionar este problema. Boa investigação!