Além da instigante construção dos capítulos, que compõe a
série, e do brilhantismo da atuação do protagonista Michel C. Hall haveria algo
mais interessante a serem discutidas nesta obra?
Sim, muitas outras. Mas, sem dúvida, uma das melhores seria como
o conceito de justiça é apresentado.
Dexter aparece como um justiceiro à moda antiga, que ao invés
de recorrer aos procedimentos do Estado decide fazer suposta ‘justiça’ com as
próprias mãos. O intrigante é que o telespectador, dado ao carisma da
personagem, é seduzido suavemente a validar suas ações. No caso do Brasil, vale
nos questionar: “Por que isto ocorre, por que somos tentados a entender a ação
do serial killer como aceitável?”.
Tendo em vista os últimos protestos ocorridos no Brasil
(2013-2014), observamos a crise do tecido social, saúde, trabalho, transporte,
educação, política e justiça. Isso tudo, somado à influência das diversas
mídias sensacionalistas na formação da opinião pública tende a fazer com que
grande parte da população veja o poder judiciário como algo ineficiente ou, em
muitos casos, duvidoso. Decorrência natural disso é o risco de abrirmos mãos do
‘humanismo já conquistado’ e retrocedermos ao ‘animalismo combatido’, aonde
cada indivíduo pratica aquilo que lhe parecesse justo.
A partir da psicologia, poderíamos lançar à hipótese de que o
sucesso e a identificação de muitos telespectadores com Dexter ocorre pela
simples razão de que ele faz o que muitos gostariam de fazer, mas não têm
coragem. Dexter, realmente, modifica o conceito de “herói imaculado” para “maculado”,
de “vilão desprezível” para “vilão aceitável”. Não é a toa que é um dos mais
cotados, pelo público, para representar o coringa após a considerada
insuperável atuação de Heath Legder.
A série envolvente, portanto, pode nos revelar algo muito
crítico sobre as expectativas de uma camada considerável da sociedade. Deixando
as seguintes perguntas, ao tratar o conceito de justiça: “Será que nosso futuro
será um retorno ao passado?”, “Será que o conceito de justiça se transformará?”.
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Besides the construction of the exciting chapters which make up the series, and the brilliance of the performance of the protagonist Michel C. Hall would be something more interesting to be discussed in this work ?
Yes , many others. But undoubtedly one of the best would be like the concept of justice is presented .
Dexter appears as a vigilante old fashioned , that rather than resort to the procedures of the State decides to supposed 'justice' into their own hands . The intriguing the viewer is given to the charisma of the character, is induced slightly to validate their actions . In the case of Brazil , it is worth asking ourselves : " Why this occurs , why we are tempted to understand the action of the serial killer as acceptable ? " .
Given the recent protests in Brazil (2013-2014) , noted the crisis of the social fabric , health, labor , transportation, education , politics and justice. That, coupled with the influence of several sensationalist media in shaping public opinion tends to make much of the population see the judiciary as something inefficient or , in many cases doubtful. Natural result is that the risk of opening hands of ' humanism already won ' and we go back to ' fought animalism ' , where each individual practices what seemed fair to him .
From psychology , we hypothesize that the success and the identification of many viewers with Dexter is for the simple reason that he does what many would like to do but do not have courage. Dexter really modifies the concept of " immaculate hero " for " tainted " by "despicable villain " to " acceptable bad guy ." No wonder it is one of the most quoted , the public , to represent the joker after considered unsurpassed performance of Heath Legder .
The engaging series, therefore , can reveal something very critical about the expectations of a considerable section of society . Leaving these questions by treating the concept of justice , "Is that our future will be a return to the past " , " Does the concept of justice will become ? " .